Café Bagdad

À conquista das palavras...

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Location: sintra, Portugal

I was born in Mozambique. I'm Portuguese, but my heart is half Portuguese, half African. I'm still thinking that one day we can change the world.

Friday, March 31, 2006

A DISPARIDADE

Num momento em que tanto se fala da paridade - e ainda bem que se fala - não é demais falar da "disparidade" da realidade, pelo que resumo em dois pontos o que me afastou da política:

1. As mulheres portuguesas têm a seu cargo a família, a casa e a profissão.
Há uns anos atrás, andava eu muito entretida a colar cartazes, o tempo não me chegava para nada. Se não tivesse ajuda, certamente a casa ficaria um caos.

2. A maternidade é muito complicada, quando se quer exercer qualquer actividade política. Quando fui mãe, fui "castigada" na empresa onde trabalhava, não fui aumentada durante dois anos. Disseram-me que ali não era maternidade nem hospital. Assim mesmo, por estas palavras, sem tirar nem pôr.

Muitos outros pontos haveria a acrescentar, mas estes três são mais do que suficientes para nos fazerem pensar que, sem

1. Qualidade de vida que nos permita ter ajuda doméstica e apoio familiar.
2. "Educar os homens" nesse sentido, ou seja, que as mulheres podem ser tão boas ou melhores que eles, criando, de facto, a partilha de TODAS as tarefas domésticas. É que isto de ser revolucionário e continuar machista não pode continuar.
3. "Educar o patronato" igualmente nesse sentido - já basta a discriminação a que as mulheres, por serem mães, são sujeitas, imaginem agora a reacção quando vêem as suas funcionárias com actividade política.

Apesar de todos os dissabores, continuo uma resistente, a lutar contra esta "disparidade".

Monday, March 27, 2006

Acorda, Europa!!!

Logo pela manhã, fico animada com a leitura de uma notícia publicada no Expresso - a MINISTRA (já vão ver porque merece as maiúsculas) do Trabalho, em Moçambique, decidiu encerrar duas empresas chinesas em Quelimane, devido a maus tratos e insultos aos trabalhadores, por parte dos patrões.

Ofegante, releio a notícia, com medo de estar enganada. É mesmo verdade, passou-se em África, Moçambique, um país que, embora precisando de ajuda, tomou uma atitude defensora da sua dignidade. Há que afastar os fantasmas do neocolonialismo que se quer instalar lá, e que é de pôr os olhos em bico...

Perante um exemplo destes, ficamos roídos de inveja por não termos uma pessoa assim no nosso governo, que impeça os constantes encerramentos de fábricas estrangeiras, que num passado recente foram bafejadas por todos os benefícios que às empresas portuguesas são negados.

Simultaneamente, abre-se o caminho a uma outra reflexão - se um país como Moçambique consegue tomar uma atitude destas, como é possível que por toda a Europa não se encontrem políticos desta cepa? Alguém poderá explicar-me como é possível que uma China totalmente desrespeitadora dos direitos humanos exporte e se instale a seu bel prazer por essa Europa fora?... Que saudades do bloqueio à Indonésia, antes da independência de Timor!...

Europa, acorda, um gigante quer devorar-te!... Quando a digestão estiver adiantada, lá irão aparecer uns Alka-seltzers a dizer que vão ter de nos cortar mais qualquer coisa (se ainda houver alguma regalia para cortar...) porque não somos competitivos.

Não queremos a asiatização da nossa sociedade. Eles é que têm de implementar direitos sociais e ordenados decentes, não somos nós que temos de fazer marcha-atrás, e, enquanto não houver políticos que tenham a coragem de um gesto semelhante ao desta Mulher, quem nos acode?

Wednesday, March 22, 2006

Pagar Impostos, eu?....

Depois do alarido à volta da dívida de um tal de Carrapatoso - pessoa bem inserida na nossa sociedade, com um cargo de grande vulto, de quem, por arrasto, se esperaria maior responsabilidade - estou a pensar "emigrar dos impostos".

Realmente, não vejo porque hei-de pagar impostos, depois deste caso.

Quem quer emigrar dos impostos comigo?

Quem me explica a equação dos 35-70?

Uma brevíssima reflexão sobre um assunto muito actual:

1. Quer este governo empurrar-nos para uma reforma tardia e triste, para lá dos 70 anos, quando estivermos cansados e já não pudermos usufruir dos descontos efectuados.

2. Não quererá este governo convencer todos o patronato a admitir pessoal com mais de 35 anos?....

Salvo melhor opinião, como é possível tapar o Sol com a peneira, prolongando o tempo de actrividade de um povo que vê, sistematicamente, fecharem-se as portas a todos aqueles que passaram a barreira dos 35/40 anos?

Sem a criação de incentivos - que obriguem a admissão de pessoas com 65 anos, por exemplo - não vejo como sair deste "buraco". Por outro lado, ao prolongarmos a actividade dos mais velhos, com o desemprego que vai crescendo, não estaremos a barrar o caminho aos mais jovens?...

Bom senso, isso sim, precisa-se!!!

A Canela de Mingo Rangel, na Madrugada no Zanzibar

Imperdível, o CD do Grupo CANELA e MINGO RANGEL – MADRUGADA NO ZANZIBAR!...
A voz de Mingo Rangel toca o céu dos nossos sentidos, ao som da magia musical do Grupo Canela.
O lançamento do CD deste Grupo musical terá lugar no próximo sábado, dia 25, no Museu da República e da Resistência, pelas 19H.
Recomenda-se a todas as pessoas de bom gosto.
Este Verão, toca a ondular ao som da Madrugada no Zanzibar!....

Friday, March 17, 2006

O meu Amigo Sitoe - Um olhar para lá do horizonte

A minha recente visita ao Maputo foi muito enriquecedora, pois permitiu-me conhecer pessoas fascinantes. Vou começar a falar de algumas dessas pessoas, cujas vidas são tão diferentes, mas simultaneamente tão próximas de nós.
O Sitoe é um jovem moçambicano, cujo encanto e doçura surpreendem logo ao primeiro contacto. Por razões profissionais, tive a oportunidade de conhecê-lo, e espero que a amizade que se estabeleceu se prolongue no tempo. Nasceu no Chibuto, a 04 de Agosto de 1968, mas parece ter vinte e poucos anos.
Olhos doces e sorriso meio tímido, meio alegre, o Sitoe representa a nova realidade moçambicana, composta por pessoas que querem melhorar o mundo, começando pelo seu mundo.
Assim que nos conhecemos, quis saber a minha opinião sobre a nossa terra. Estava genuinamente interessado em saber o que eu encontrava de mais mudado, não estava vedado ao exterior. Da segunda vez que nos vimos, já discutimos vários assuntos, numa agradável troca de ideias.
Afável no trato, adivinhei nele uma vontade de saber como as coisas são, realmente, cá deste lado, e todo o entusiasmo em transmitir o que se passa lá.
O mundo precisa de mais Sitoes – pessoas com uma generosidade de espírito tal, que continuam a querer partilhar o futuro. Afinal, não é a vida feita de partilha? De experiências, de culturas e vivências...
O Sitoe continua a olhar para lá do horizonte – é essa a força dos homens que não querem fugir do amanhã!...
O Sitoe não é um Castigo, é uma Benção!