Tenho família de todas as cores - Maputo 3
Ainda bem que nunca fui racista!... Se fosse, que lição a vida me teria dado...
Ainda não tinha falado deste assunto, pois é, de longe, o mais delicado.
Nasci numa família progressista, onde a cor, religião ou estatuto social eram completamente ignorados. Com os meus 6 anos, era frequente atrasar-me para o almoço, no regresso da escola. Só os primeiros atrasos foram assustadores - encontraram-me empoleirada num caixote, a discursar a favor da independência, clamando contra a exploração do homem pelo homem, muito empolgada. Aplaudida pelos miúdos da rua - mais graúdos que miúdos ...
A minha irmã tinha como amigas as miúdas mais "in", filhas de fulano de tal. Invariavelmente, as minhas amizades circulavam num patamar social muito rasteirinho, o que me dava uma riqueza de conhecimentos que a minha irmã ainda hoje desconhece.
Fomos crescendo, os nossos caminhos a abrirem um V, cada vez mais largo, hoje, as diferenças são inultrapassáveis.
Ao longo dos anos, continuei sempre a criar laços de amizade com pessoas, sem lhes pedir o B.I.
Ainda bem que o meu percurso não se "endireitou" com a idade.
Neste Café Bagdad, a minha prima Ana Paula e eu, somos as protagonistas do nosso filme. Abençoada viagem ao Maputo, que me permitiu abraçar família cuja existência desconhecia - e receberam-nos todos tão bem, que ando eufórica por ter uma família tão grande. De todas as cores, de diferentes religiões.
Esta viagem permitiu-me cumprir um sonho - fazer da minha vida um Café Bagdad.
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